UMA IDADE FUNCIONAL
A psicologia, desde o início, contribui para o desenvolvimento humano e os estudos mais recentes oferecem avanços importantes para acompanhar os assuntos sobre depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo ou distúrbios alimentares, relacionamentos, entre muitos outros. Ampliam-se as perspectivas, concentrando num futuro promissor em criatividade, altruísmo e qualidade de vida.
Dois pontos fundamentais ligados à idade: um imediatamente visível por causar mudanças externas (corporais e fisionômicas) e outro das funções orgânicas, cognitivas e subjetivas não tão claras para o observador desatento, mas em constantes mudanças, que dão excelentes pistas das condições de cada indivíduo.
A influência da idade nas ações humanas, independente das alterações, acontecem baseadas nas relações sociais, escolhas no estilo de vida, época e local, ou com quem são partilhadas as vivências.
Apaixonou, tornou-se sábio ou digno?
As pessoas esperam dos outros comportamentos ajustados num tipo de ‘relógio social’, capaz de definir a ordem geral e cronológica para as coisas acontecerem em cada momento. Nesta linha, crianças devem estar na escola, jovens adultos na universidade e os grisalhos, aposentados. Não é raro causar estranheza quando uma pessoa de meia idade ainda vive na casa dos pais, à base de mesadas, ‘eterno estudante’, sem desenvolver um rol de amigos.
Você pode tentar alterar o ‘calendário’, é claro, mas a sociedade promulga normas conjuntas e espera que os eventos ocorram da forma ajustada. A idade cronológica e o calendário ‘imposto’ pela malha social se contrapõe, as pessoas com um tipo de relógio biológico diferente ou evoluído – o maior inimigo é cultural.
A idade psicológica do sujeito não corresponde necessariamente à cronológica e, em alguns casos, ao relógio biológico mais universal. A capacidade de pensar de forma crítica e diferente do tradicional, medir as similaridades e diferenças encontradas no lugar onde vive e lidar com o próprio envelhecimento, pode tornar saudável o posicionamento dissonante de alguém, frente a idade contada desde o seu nascimento.
Esse ‘pacote’ menos tradicional de comportamento denota a ‘idade funcional’ — se construída com bases sólidas, será uma das forças para retardar a chegada da velhice e a associação de doenças físicas, mentais (demências), crises ou isolamentos sociais encontrados nas faixas etárias mais avançadas.
A fluidez da inteligência, conhecimento, vocabulário, habilidades verbais e treino das funções executivas do cérebro melhoram a vida adulta — pensamentos e práticas saudáveis alteram significativamente as condições psicológicas e atrasam o processo senil.
Psicólogos do desenvolvimento estudam certos aspectos do comportamento adulto e atribuem desconexão da idade cronológica com as capacidades cognitivas, sociais e orgânicas.
O declínio é inevitável e natural, em contrapartida, os recursos acumulados ao longo da vida e baseados nas experiências, conhecimento, visão estratégica e habilidades especializadas, oferecem um aumento da vida útil sob as condições certas.
As intervenções centradas no existencialismo apresentam-se eficazes em termos do bem-estar pessoal, incluem práticas que promovem a mudança de atenção para aspectos gratificantes, sem necessariamente, contar o número de dias vividos ou futuros.
Portanto, em si apenas, a idade cronológica é uma base incerta para previsões sobre as características psicológicas e orgânicas de qualquer um.
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