UM BARULHO SINTOMÁTICO
O trabalho intelectual, a compreensão da leitura e o sono demandam da capacidade de foco e relaxamento. A concentração é uma facilitadora na criação e fortalecimento das memórias de curto e longo prazo.
Qualidade de vida e capacidade de desenvolver atividades desta natureza pode sofrer deterioração quando uma pessoa passa a apresentar tinido no ouvido.
As ocorrências destes sintomas estão ligadas desde problemas no sistema auditivo, neurológicos, odontológicos, alimentares, psiquiátricos ou psicológicos, musculares, hormonais, metabólicos e tantos outros.
Personalidades famosas como Eric Clapton — devido a exposição prolongada a grandes volumes de som durante as suas apresentações musicais; Van Gogh — por causas psiquiátricas; e Ludwig Van Beethoven — que teve problemas auditivos — provocaram neles zumbidos insuportáveis.
Quem ouve zumbidos, dia e noite, não está sozinho. No Brasil, estima-se pelo menos 30 milhões de pessoas.
Atualmente, as neurociências explicam com maior clareza como este som é percebido, mas não detectado pelo ouvido interno. Alguns centros conscientes do córtex cerebral ‘os sentem’ e associam ao sistema límbico, motivo das causas emocionais perturbadoras — um gatilho que aciona reações corporais involuntárias: palpitações, sudorese, dores de cabeça, mudança de pressão arterial e cardíacas, todas processadas na parte mais antiga do cérebro (tronco encefálico).
Associados às questões subjetivas, provocam numa multidão de centenas de milhões de anônimos ao redor do mundo, dificuldades subjetivas e fatores restritivos com papel relevante no sofrimento cotidiano.
O estresse da vida contemporânea, depressão e quebra de vínculos também podem estar ligados ao surgimento do zumbido.
Somente uma pequena parte daqueles diagnosticados com estes sintomas desenvolvem resultados muito nocivos, mas o nervosismo, ansiedade e tensões musculares são prevalentes.
Uma experiência dolorosa, mas sem dores físicas.
As causas são psicossomáticas: pensamentos sobre os motivos pelos quais a concentração e o sono desapareceram ou o risco de conviver com esta percepção auditiva durante o restante da vida, tem potencial de tornar vulnerável a personalidade do indivíduo e influenciar a sua atuação nos mais diversos contextos da vida.
Nem todos têm a mesma resistência física ou psíquica, então as frustrações podem aflorar nas desconfianças e sentimentos de estigma que atrapalham o convívio nos ambientes social, familiar e profissional.
No caso de Beethoven, o processo contínuo de ensurdecimento passou por uma fase que ele mal conseguia distinguir as verbalizações; os zumbidos eram fortíssimos, segundo o próprio relatava. Isto deteriorou a sua socialização.
O cérebro foca automaticamente estes sons (ação involuntária) e, nos tempos modernos, existem grandes fontes de barulho (aviões, trânsito, fones de ouvido e muito mais…), motivo suficiente para o aumento considerável no surgimento de novos casos. A psicologia pode auxiliar através da Terapia Cognitiva.
Ao aplicar uma visão holística focada na amplitude biopsicossocial, terapeuta e paciente trabalham os fatores físicos e psicológicos a fim de atenuar a influência provocada pelos sons desagradáveis.
Os efeitos crônicos do zumbido são mitigados quando a pessoa percebe a validade objetiva do tratamento psicológico, em paralelo, faz uso das práticas, aconselhamentos e orientações cruciais para o controle interno e externo dos sintomas.
Em resumo, o zumbido é uma experiência subjetiva e aprender a controlar suas causas e desconcentrar do som garante melhoras no dia a dia.
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