Complicam os assuntos, tornam difícil o convívio interpessoal, negligenciam a própria saúde, em certas ocasiões munidos de detalhes periféricos tomam decisões suscitadas pela instabilidade interna, apoiados unicamente em estratégias orientadas através da presciência – uma possível capacidade inata de pressentir e antever os acontecimentos. Assumem caminhos afetados por imaginações distorcidas da realidade, transformam suas tentações irresistíveis em atitudes fugazes a fim de buscar alívio imediato.

Grave e prejudicial das capacidades de o indivíduo compreender a necessidade de manter ordem na vida, delineada pela falta de habilidades sociais alternadas por episódios de inquietação e povoados de pensamentos grandiosos versus ocasiões recheadas de vazio intenso, tristeza profunda, baixa energia e empecilho na concentração.

Encontra-se exposto acima um “desenho” rápido do transtorno bipolar do humor, também conhecido por doença maníaco-depressiva que surge geralmente no início da vida adulta. De modo geral, pessoas acometidas pela enfermidade têm dificuldades para manter um ritmo circadiano equilibrado, hábitos saudáveis de alimentação e sono. Sem rotina consistente na vida e processo apurado de discernimento, são presas de chamarizes perceptivos nos âmbitos sociais, sexuais ou financeiros.

Descobrir a trilha “ideal” se mostra uma tarefa assustadora, porque comem demais ou muito pouco, deixam de dormir o suficiente ou isolados, hibernam longos períodos; assumem exercícios físicos até a exaustão ou aborrecem quem toma essa direção.

A medicina oferece tratamento com medicamentos psicotrópicos, ainda que produzam efeitos colaterais, funcionam na tentativa de afastar o estigma provocado pela sintomatologia deste mal. Até o momento, vastos recipientes de ferramentas e intervenções psicossociais, terapias cognitivas e comportamentais, aconselhamento de assistentes sociais conjugado ao apoio familiar, amenizam sem produzir efeitos duradouros ou solução definitiva contra as nocivas recaídas.

Bem louco, certo?

Isto é apenas o começo. No campo profissional estão as mais desconcertantes constatações sobre o transtorno bipolar, responsável pela exclusão e desemprego e ao mesmo tempo apresentar contradições corporativas.

Legiões de empresários perturbados por este espectro psicótico, desconhecendo os motivos de tantos problemas, calcados no lado energético, empreendedor e criativo quando apresentam episódios hipomaníacos constantes maquiam os seus estados emocionais. Fortalecidos pelo conjunto positivo do desempenho decisório sentem um bem-estar apoiado pelo ambiente e adulação cotidianos, confirmam as suas crenças insanas de possuir forças sobrenaturais ou contraditoriamente, lutam em silêncio sentindo a sensação de que seria fraqueza expor a sua condição.

Turbulências e incertezas naturais no trabalho parecem oferecer estímulos constantes, mas fracassos advindos de falhas inevitáveis de planejamento, algumas vezes desencadeiam eventos depressivos excepcionalmente intensos por desapontamento generalizado.

Na bipolaridade podem ser encontradas vantagens individuais?

Nas corporações, habilidades de analisar contextos, promover mudanças tecnológicas, explorar novos mercados ou armar estratégias aparentam depender de diferentes conceitos, previsão e pensamento crítico – decerto dependentes da genialidade localizada na constante ebulição lógica de encéfalos desarranjados dos pactos convencionais, paradoxalmente capazes de desenvolver técnicas socioeconômicas, motivar e encantar as mesmas pessoas que rechaçam conviver com este tipo de personalidade.