Quais são as possíveis consequências na criação dos vínculos afetivos ou a falta deles sobre a aprendizagem. (Parte 2 de 2)
A importância dos vínculos afetivos na aquisição de conhecimento tem sua relevância e pode impulsionar a aprendizagem da criança, e também o desenvolvimento das funções psíquicas ligadas ao equipamento biopsicossocial. A formação de bons vínculos afetivos é gerada a partir do equilíbrio emocional, psíquico e social; principalmente nos mais jovens, são facilitadores na aquisição de conhecimento ao longo da vida.
A afetividade é necessária para a aprendizagem, inicia-se na família e se estende para outros contextos sociais, conforme a criança se desenvolve e tem acesso aos grupos escolares e sociais.
Desde o início da vida do bebê e no transcorrer do seu crescimento, é importante pegar, abraçar, falar, oferecer o contato pele-a-pele, dar beijos de boa noite, além de promover as atividades, tais como: esportes, desenho, leitura, jogos, entre outros. Os gestos afetuosos dos pais são essenciais para a saúde emocional, psíquica e social dos filhos. Quando uma criança recebe cuidados que vinculam com a linguagem, física e verbal de modo direto ou indireto, ela pode vir a reconhecer mais cedo a autoridade dos cuidadores e gerar um vínculo respeitoso e forte, necessário a promoção de sua autonomia.
O clima emocional que se estabelece em um lar, depende muito do relacionamento entre pais e filhos. A harmonia familiar e o tratamento amoroso dispensado aos filhos, mesmo que existam diferenças no tratamento entre eles, são elementos para a obtenção deste quesito.
A falta ou excesso de vinculação afetiva familiar pode também gerar dificuldades para a construção de novos vínculos. Ainda, pode-se observar como o núcleo afetivo e funcional normalmente promove a formação do sujeito e o seu êxito. No processo educacional há uma suposta dependência, do que constitui o berço da cultura reconhecido como base de toda a sociedade ou um marco da vida social: A família. Portanto, oferecer de forma bem sucedida, apoio, carinho e educação, induz ao comportamento produtivo e criativo, quando na vida adulta e em todos os contextos.
O desenvolvimento emocional que começa na família se perpetua e oferece à criança elementos que facilitam a construção de sua autonomia, oportuniza a capacidade de pensar sozinha, refletir e chegar às soluções mais favoráveis para seus questionamentos. Quando esse desenvolvimento não acontece, essa criança dificilmente será independente e não apresentará um espirito crítico e autoestima elevados.
Se existem falhas significativas nas relações afetivas familiares, a criança terá maior probabilidade de não conseguir se relacionar bem no ambiente escolar, principalmente com o seu professor, que é o principal estimulador de aprendizagem dentro da escola e precisa criar um vínculo de confiança e acolhimento.
É importante ressaltar que o processo de ensino-aprendizagem depende também do tipo de vínculo que se estabelece entre professor e aluno. O bom professor é aquele que está preparado para viabilizar ações que levem o aluno a estar disponível para aprender. Além da atenção, cuidado e afeto, mantém uma postura de liderança, voltada nas questões pedagógicas como centro das atenções. Oferecer esse conjunto de elementos pode garantir os bons vínculos professor-aluno, e levar esse mestre a ser “escolhido” pela criança como “quem ensina”.
A construção cognitiva ou intelectual passa de certo modo pelas construções afetivas, e se não é responsável unicamente pela construção cognitiva, ao menos, possivelmente pode ser capaz de acelerar ou retardar os processos de aprendizagem.
Na escola, o professor bem preparado é aquele que atua como intermediário entre o aluno e o conhecimento. Sua condução profissional promove um conjunto de fatores potencializadores do desenvolvimento do educando, para que, este ao chegar à vida adulta seja considerado “normal”, tenha confiança em si próprio e entenda a dinâmica social. Esses itens são relevantes nas questões éticas e morais, além de ajudar a acumular conhecimentos que proporcionam condições de ter uma vida independente e com sucesso pessoal, social, profissional e emocional. No momento certo, depois de assumirem o papel de profissionais mediadores do desenvolvimento e aprendizagem, cabe ao professor abrir mão dessa posição de destaque, para dar a oportunidade aos seus alunos de serem sujeitos genuinamente autores de suas próprias vidas.
Fragmentos do artigo científico apresentado por Marcelo Pelucio na conclusão do curso de pós-graduação Latu Sensu no grau de Especialista em Psicopedagogia Clínica pela FUNDEPE/F.PAULISTA/2014)
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