Quais são as possíveis consequências na criação dos vínculos afetivos ou a falta deles sobre a aprendizagem (Parte 1 de 2)
Com enfoque piagetiano, mas sem desconsiderar o pensamento interacionista e com elementos da abordagem psicanalista, pode-se verificar de forma unívoca que a afetividade humana é considerada um fator preponderante para o desenvolvimento biopsicossocial (veja o artigo no link abaixo)
inclusive, discutir sobre a dificuldade de aprendizagem e justificar que: ensinar e aprender transcorre justamente a partir dos vínculos afetivos entre as pessoas. A psicanálise vê a construção dos vínculos com fundamental importância no desenvolvimento humano.Considerando que todo indivíduo ao nascer está predisposto a aprender, as pessoas com as quais convive certamente participam desse processo. Os pais ou cuidadores e professores são vistos como elementos fundamentais que podem oferecer o afeto, criar e fortalecer esses vínculos e ensinar amorosamente para os enfrentamentos da vida.
Alguns indivíduos sucumbem sob as pressões da vida enquanto outros se saem bem. Será possível encontrar uma resposta para essas diferenças? O que faz uma pessoa chegar à vida adulta com desenvolvimento adequado das suas capacidades psicológicas, emocionais, intelectuais, cognitivas e sociais? O incentivo dos pais e professores auxilia no desenvolvimento? As privações de carinho e atenção, quando criança, atrapalham o desenvolvimento?
Na psicanálise encontramos alguns pressupostos que corroboram na busca de respostas para estas indagações, possivelmente na demonstração que a família é importante para a formação do caráter e do desenvolvimento cognitivo da criança.
Segundo o psicanalista inglês Donald Woods Winnicott, os bons laços afetivos com os membros familiares fortalecem o desenvolvimento, criando a possível construção de uma infância saudável e base para toda a vida. No entanto, somente a participação ou existência da família não garante esse desenvolvimento.
O cientista russo Lev Vygotsky escreveu sobre uma gama de transformações necessária para a internalização da aprendizagem e todas elas estão vinculadas às relações sociais, embutidas nas relações familiares com os pais, e nas escolares principalmente com os professores.
Os vínculos afetivos quando são estabelecidos nas relações humanas, possibilitam avanços substanciais nas questões cognitivas. A construção do mundo simbólico da criança é expandida com maior facilidade quando esse processo cresce de forma contínua e saudável. São exatamente os vínculos estabelecidos inicialmente com os pais que atuam no campo do pensamento e na forma como o indivíduo imagina e representa o seu mundo. Nesse sentido, entende-se que, para a criança é importante e fundamental o papel dos vínculos afetivos no núcleo familiar. E no decorrer do desenvolvimento, estes devem ser ampliados nos outros grupos sociais, e também na figura do professor que pode surgir com importância na relação de ensino e aprendizagem.

Compreender a influência dos familiares e professores sobre o desenvolvimento das crianças é a forma como a psicopedagogia busca a compreensão do processo de aprendizagem humana, aprimora instrumentos lúdicos, neuropsicológicos, psicométricos, entre outros. Através do olhar atento das dificuldades apresentadas por parte dos alunos, auxilia os pais, profissionais da educação e os próprios educandos na busca do crescimento pessoal. Oferece atenção individual para facilitar a construção do saber, porque, sabe-se que cada indivíduo aprende do seu modo particular. (continua)
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* Fragmento do artigo científico apresentado por Marcelo Pelucio na conclusão do curso de pós-graduação Latu Sensu no grau de Especialista em Psicopedagogia Clínica pela FUNDEPE/F.PAULISTA/2014)
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