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Algumas espécies de seres vivos desenvolvem vantagens ao viver em grupos. A partir disto, pode-se presumir uma necessidade de comunicação estruturada entre os indivíduos; se esta afirmação for verdadeira, como isto aconteceu conosco? Conhecemos diversas espécies animais capazes de perceber alterações no ambiente e, com estas ‘informações’, alterar o comportamento coletivo.

O Humano, ao passo das gerações e milênios, aprendeu a entender os padrões naturais, outros animais e as atitudes, posturas ou movimentos dos indivíduos.

Exemplo: Existem variadas interpretações para o aperto de mãos, ele pode ser um sinal de amizade, dominação ou fraternidade, entre tantos outros significados. O significante pode ser o tempo, força despendida, distância dos corpos, temperatura ou umidade da pele. Não depende apenas de quem oferece, mas também do receptor ou de observadores externos. Percepções deste ato estão baseadas nas capacidades cognitivas, emocionais, crenças pessoais…

As diferenças culturais, via de regra, ditam considerações acerca de serem apropriados ou não, de acordo com as situações formais, informais, profissionais, sociais e familiares. A linguagem corporal não se limita ao aperto de mão, ao contrário, elas são muitas e têm ‘força’ maior do que as palavras porque potencializam alterações no significado das verbalizações.

Há diferenças substanciais na interpretação da linguagem corporal e, por serem parte integrante e ancestral da comunicação, oferecem diversos entendimentos de aceitação ou desaprovação.

É possível o aperto de mãos ter surgido numa época anterior à linguagem falada ou escrita e poderia significar naquele momento ‘estou desarmado’ e obter uma resposta automática do outro: ‘eu também’. No momento atual, diante de tantos outros riscos maiores do que uma paulada na cabeça, passa a ser importante interpretar os sinais não-verbais afim de evitar os mal-entendidos, melhorar as relações cotidianas simplesmente ao dedicar maior atenção nesta atividade tão corriqueira.

Sob a ótica das neurociências, os locais com maior quantidade de terminações nervosas são as mãos, lábios, língua e os pés. No Homúnculo criado pelo neurocirurgião Wilder Penfield está a demonstração da dimensão sensória periférica do organismo humano,

Homúnculo de Penfield

diretamente ligada ao córtex motor próximo ao sulco central, no terço anterior dos lobos frontais.

Quais são as armadilhas?

Fora desta esfera localizacionista do cérebro e ao oferecer uma dimensão mais prática, imagine você, quantas informações são recebidas pelo organismo num simples aperto de mãos.

As relações humanas estão ligadas ao ‘encontro’. Uma gama diversificada de figuras linguísticas ou tecnologias ainda não substituíram, ou talvez, nunca substituam a necessidade essencial da interpretação corpórea, presença e contato físico. Amplie este pensamento!

Sobre o surgimento da fala, ainda não se sabe ao certo quanto tempo e como aconteceu. No caso da escrita, mais de 5.000 mil anos já se foram; o papel e livros, com um pouco menos de tempo; as redes sociais são um advento muito atual. Todos, sem exceção, facilitam o surgir das civilizações, amizades, negócios ou amores, mas tudo das atividades humanas está ligado, mesmo na porção nova do cérebro, aos critérios de escolha ligados à força interpretativa dos gestos e toques.