Discurso proferido na colação de grau da XXXI Turma de Psicologia – Unimar.

Uns dias depois de vocês me escolherem para esta tarefa que inicio agora. Eu despertei de um sonho. Eram umas três ou quatro horas da manhã.

O sonho virou realidade nos últimos momentos que passamos juntos ali na entrada. Temos no ar:

Um sentimento de nunca mais!

 É totalmente impossível voltar ao início do curso, nunca mais passaremos as noites de semana estudando juntos e descobrindo uma ciência.

 Nunca mais haverá o sofrimento das provas juntos.

É engraçado os mestres nos impedirem de colar e agora para graduarmos, chamam todos para uma colação em público.

Quem entende um professor?

Nunca mais torcer para o time do professor ganhar antes das provas para nossa nota ser melhor.

Nunca mais tocar nos nossos sujeitos experimentais.

Nunca mais ser ator, atriz ou musicista com a nossa turma.

NUNCA MAIS…   (vou lá em cima, voltar ao protocolo e serei breve!)

Em nome da XXXI Turma de Psicologia da Universidade de Marília dou o nosso boa noite a todas as pessoas aqui presentes:

A mesa diretora, aos nossos familiares, amigos, namoros, casos e amores…

A atmosfera aqui é indescritível.

Se existisse uma máquina de fotografar vínculos afetivos e a cobertura deste monumental anfiteatro fosse retirada para ela registrar estes vínculos de cima, poderíamos ver como estamos todos aqui entrelaçados no amor e na esperança.

Estamos diante de uma conquista conjunta que todos aqui presentes se dedicaram.

Represento cada um dos colegas da turma, uma grande honra e responsabilidade que assumi, tenho respeito e gratidão por ser o escolhido para encerrar nosso ciclo acadêmico.

Caros colegas quero entoar nas palavras que se seguirão as suas próprias vozes.

Temos o sentimento de nunca mais, mas ao mesmo tempo…

Podemos sentir o sabor de um para sempre!

Para sempre seremos a XXXI Turma de Psicologia da Unimar.

Para sempre serão registrados nossos nomes nos anais desta universidade.

Para sempre carregaremos os bons momentos que vivemos aqui.

Para sempre o conhecimento estará agregado em nossa estrutura cognitiva e psíquica;

Crescemos juntos e ninguém pode tirar o que vivemos nos últimos cinco anos;

Para sempre lembrar que no meio acadêmico a vida pulsa, os amores acontecem, as ideias surgem e o mundo se constrói.

Você fica sabendo todo tipo de absurdo, de crimes, corrupção e sofrimentos que umas pessoas causam as outras, mas aqui não, na academia, aprendemos ser pessoas melhores, enxergar como somos e trabalhar pela sociedade dos sonhos: construir e reconstruir de forma melhor a cada dia.

Neste curso saímos da nossa zona de conforto ou “virávamos nos 30” ou não estaríamos aqui neste momento.

O sentimento também é de uma grande porta aberta para nós, por trás da qual nossa visão chega expandida numa quantidade que nunca pudemos imaginar cinco anos atrás.

Cabe lembrar que o ser humano é um ser social e não haveria esse desempenho de forma individual.

Esta conquista é coletiva e cabe uma reflexão: a colação de grau é a última etapa, o clímax, o último ato como discente e depois NUNCA MAIS…

Então significa que cada saída é ao mesmo tempo a entrada para um novo lugar? Parece interessante este paradoxo.

O que acham?

Convidamos vocês que estão aqui para permanecerem conosco e seguirmos juntos nesta vida como sempre foi, desde que nascemos ou nos conhecemos.

Algumas pessoas desistem dos seus amores, nós seremos diferentes!

Estou pessoalmente satisfeito de fazer parte desta turma de formandos, esses colegas me dão muitos motivos para isso, porque descobri que almejam ajudar o mundo em crise e as pessoas que sofrem psicologicamente.

Essa vontade é transparente nos meus colegas, cada um diferente com o seu jeito de ser, com sua personalidade, uns difíceis, outros mais difíceis e a maioria mais difícil ainda.

Esse grupo de pessoas difíceis ao longo destes cinco curtos anos procurou ser eficaz e desenvolver novas competências.

Alcançamos coisas importantes, tais como:

Dando condições aos nossos pacientes, por exemplo, ao ajustar a lacuna temporal antes de um impulso se transformar em ação e estes pacientes perceberem seus próprios impulsos conscientemente. Aprendemos ao mesmo tempo nos controlar melhor.

Eles foram generosos e nos ensinaram bastante, crescemos e trabalhamos juntos, compartilharam suas raivas, medos, tristezas, nojo, surpresa, alegrias ou desprezo:

E nós?

O quanto a vida vale a pena mesmo que alguém tenha desistido dela.

Aprendemos com as suas emoções, comportamentos, expressões faciais e fomos formando o profissional psicólogo aqui dentro. Percebemos como sistema de emoções está desconectado do domínio das ações individuais e quanto isto é difícil para nós e para os pacientes.

Atingimos o objetivo proposto ao assinar o contrato com a Universidade de Marília, mas queremos mais…

Estamos abertos para mudar nossas vidas e amplificar ainda mais as habilidades adquiridas com o auxílio de nossos mestres e mestras.

Sabemos que ninguém escolhe seus genes, os seus pais, irmãos, família, não pudemos escolher onde fomos educados quando crianças, no entanto, estudar Psicologia foi a nossa escolha e fomos apoiados por vocês.

Famílias maravilhosas estamos muito gratos.

A nossa curiosidade nos trouxe aqui e estamos vestindo estas roupas engraçadas.

Estudamos para despertar o melhor de nós e saímos desta etapa entendendo o quanto ainda precisamos melhorar como pessoas.

Vamos tentar usar a inteligência para amar mais.

Vivemos um momento histórico movido pelo medo, impulsionado pelo corporativismo, enfraquecimento das instituições, materialismo exacerbado e marcado pela intolerância que chega afetar a honra e o caráter de muitos.

Já ouvi pessoas boas, boas mesmo, dizerem que na atualidade não existem pessoas que mudem o mundo, que os tempos são outros, não cabem mais “Gandhis”, “Mandelas” ou “Luter kings”, há um engano neste pensamento e desistência do amor…

A nossa turma inicia uma nova etapa da vida, muito atentos e com amor vamos mudar o mundo.

Aprendemos nos livros, nas nossas conversas, na clínica, nas aulas e corredores que mudar o mundo inteiro de uma vez só, pode mesmo ser impossível, mas mudar o mundo interno de uma pessoa é possível. Então, mudar uma pessoa é o mesmo que mudar o mundo.

Outro paradoxo importante para praticarmos juntos. Não acham???

Estamos inspirados por nossos mestres, pelo comportamento humano, poesia, arte, música e ciências…

Já ouvimos muitas histórias de heróis na vida, mas as histórias de professores que inspiram seus alunos ficam escondidos nos corredores dos meios acadêmicos. Nossos queridos professores são os nossos heróis e o tesouro que levaremos para sempre em nossa mente e coração.

No meio acadêmico a vida é pulsante, por isto eu nunca deixo de ser estudante, entendem porque pessoalmente gosto tanto deste lugar?

Fernanda Mesquita Serva, Pró-reitora de Ação Comunitária – Universidade de Marília

Estou aqui desde a década de 1990, recebo hoje meu quinto título acadêmico, três deles concluídos na Universidade de Marília e ostentar múltiplos títulos desta instituição de ensino é uma grande honra para mim.

Aqui nós aprendemos a cultivar a paixão enquanto toleramos o resto e nos libertar das próprias amarras mesmo sabendo que ao lado estão os riscos que vamos assumir.

Queremos aprender com nossos erros, sermos anfitriões envolventes na área da psicologia e mudar o mundo para o melhor.

Dia após dia, desafiar os desafios de ser psicólogo e levar as pessoas ao mundo dos sonhos e ao mundo da realidade.

Descobrimos que a graduação não é o fim, mas o começo, muitos de nós seguirão para níveis mais elevados do ensino, outros irão para o trabalho de campo, clínicas, empresas e escolas ou hospitais.

E eu estou pensando em dormir um pouco, mas não muito, porque no auge dos meus 50 anos tenho percebido quanto o tempo passa rápido…

Antes de ontem eu era criança, ontem entramos juntos no curso de psicologia e hoje já estamos aqui nos despedindo.

Sou muito grato por esta oportunidade.

Muito obrigado por me ouvirem.